—
Vó Duia, consegui! Tenho o direito pelo senhor do castelo branco
para formar a minha aldeia.
—
Que maravilha meu querido! — a velhinha alegre sentia brilhar em
seus olhos um futuro.
—
Nada seria possível sem você — O homem de olhoes castanhos, barba
serrada abaixava a cabeça sentindo pesar sobre si uma dificuldade
velada, uma lágrima surgiu de sua face —
Desculpe, não consigo evitar pensar na sua saúde vó, desde que…
—
fez uma pausa, buscou os olhos da matriarca e
seguiu com dificuldade —
Desde que a mamãe se foi, se tornou triste ver que o passar do tempo
toma toda vitalidade daqueles que amo profundamente.
—
Não fique assim, quando cuidava do templo da flor de luz eu e meus
companheiros discutíamos bastante sobre a necessidade da extensão
da vida, qual era a necessidade de todas as estações que se vivera.
Seu avô um dia sentado no jardim comigo acabou com as discussões
internas, que tinha sobre o fato. Ele me disse que vivemos o
necessário para cumprir o que precisa ser cumprido por nós —
Ela abriu um sorriso —
enquanto essa terra precisar de mim estarei aqui.
—
Você não poderia se manter viva curando qualquer mal que tomasse
seu corpo?
—
Não é assim que funciona —
a mão da senhora repousou no rosto inquieto do neto —
quando descobri que podia curar, entendi que não era um presente
para ser utilizado para objetivos egoístas, Ela só funciona quando
doo de mim. Peço que não guarde dentro de ti a mágoa que o egoismo
possa te trazer.
—
Claro, por você abandono minhas vontades —
O guardião nomeado pelo senhor do castelo foi
solene. A mulher segurou com
a outra mão
a fronte do homem ajoelhado a sua frente.
— Estarei aqui
enquanto nossa aldeia precisar — mudando
então o tom para alegre
— Você já escolheu o nome?
— Tya.
— Sua mãe ficaria
lisonjeada com essa homenagem.
Algumas primaveras se passaram
e com alguns amigos que possuíam um ideal parecido com o dele, Mirth
determinou uma aldeia que se sustentaria sem a necessidade de
comercializar com os soldados escarlates. Os primeiros campeões de
Mirth foram os outros guardiões que o elegeram como líder e regente
daquela aldeia. Enquanto em outras partes a guerra por posições
entre os guardiões era constante, ele ergue um muro entorno do
terreno cercado pelos campeões. Quando a última parte da aldeia
estava se consolidando Duia fechou os olhos e sentiu-se envolta em
uma abraço caloroso de seu neto. O rio da magia a submergiu
deixando-a tocada por todos os sentimentos de carinho movidos por
toda aldeia, que ela ajudou a formar a honra e o caráter. Encontrara
no manancial de magia o descanso do corpo.
Soldados
escarlates avançavam de forma furiosa em direção a muralha, os
campeões estavam na defesa. Represaria por eles impedirem a ocupação
de uma área dentro da grande floresta pelos cavaleiros escarlates. A
formação impedia que a muralha fosse cercada ou escalada, A voz
forte de Mirth coordenava a defesa pelo lado que
tinha um caminho para
uma aldeia que agora virara cidade, Runei. Existiam mais dez
comandantes repassando cada ataque e manobra, os arqueiros se
concentravam, cavaleiros escarlates feridos atacavam sem medo algum,
sem dor alguma e com a força descomunal. As bestas vermelhas
encontravam uma parede sólida e inteligente de soldados, treinado e
rápidos.
— Vamos! Vamos! Ataquem! — Escutava-se o som abafado
dos escudos se chocando contra as pedras vermelhas gerando um som oco
e abafado — Empurrem! Empurrem! — Mirth estava surpreendido com
seus soldados, pareciam sintonizados de forma única, e seus ataques
pareciam mais fortes que o comum — Defendeeeeeeer!!!! — as setas
fragilizavam os cavaleiros escarlates, as espadas feriam de forma
bruta e os escudos refutavam os ataques. Parecia o movimento de um
oceano empurrando as impurezas para a praia.
— Mestre,
minhas habilidades parecem menores por aqui. De alguma forma um
santuário foi erguido envolta dessa cidade.
— Liberte um de
seus irmãos — Soou sofrego dentro da cabeça do primeiro
cavaleiro.
Um vulto vermelho seguiu em velocidade de onde viam a
cidade até o calabouço e o gigante foi liberto
A guarda
defendia bravamente, porém começaram a ceder. Os ataques
continuavam e o cansaço começou a pesar, Mirth segurava fechou seus
olhos e parou com a defesa. Decidiu atacar com tudo que podia.
—
Avançar! — Ele gritou desesperado.
Seus olhos divisaram a
montanha que se aproximava e pela primeira vez seu coração sentiu o
terror, um vulto negro cobria o seu. Andava em direção a cidade, os
soldados escarlates prepararam a retirada deixando por conta do
monstruoso ser a derrota da grande cidade. As mãos retiravam árvores
de seu caminho.
— Retroceder! Todos para a cidade! — Gritou
direcionando suas tropas para defesa.
Sua espada em punho e seu
olhar desacreditado, escutava no fundo da sua alma a voz de sua amada
avó: “vivemos o necessário para cumprir o que precisa ser
cumprido por nós”. Sentiu-se sozinho, ninguém poderia fazer nada
contra aquele inimigo, ia além de qualquer um. O regente de Tya, se
recusou a aceitar aquilo, se fosse para ver tudo acabado que fosse
com sua entrega até o fim. A espada em punho, o elmo adornado
cobria-lhe a cabeça. Queria queimar toda a sua energia ali, em uma
derrota inevitável. Correu sentindo todo o esforço do corpo, cada
mínimo movimento dizia a sua intenção. O gigante de olhos
vagarosos, puxava árvores indo na direção do local ao qual seu
irmão perfeito havia mandado, alheio ao esforço de um homem preso
na armadura que mirava os dedos do pé. Uma espetada o incomodou, em
seguida outra e outra. Olhou para baixo rapidamente e viu o homem que
aos seus pés seria uma pequena formiga. Quando ameaçou pisar em
cimado dele, Mirth se agarrou no pé e se segurando golpeava aonde
estava.
A mãozorra foi na direção do soldado que quase não
teve tempo de fazer nada. Um calor aconchegante envolveu o líder
daquela aldeia, algo muito maior que ele doava-lhe proporções
significativas de energia, seu sentir lhe trouxe em um leve Sussurro:
“Forças
iguais”.
A palma da mão do gigante envolvia toda a parte do tronco quando em
uma busca de liberdade, as mãos juntas no cabo, golpeou a mão do
gigante, que imediatamente a
abriu
deixando o seu prisioneiro cair da altura de uma árvore antiga, o
rosto do gigante mostrava a
dor que o envolvera.
Lembrou
das pelejas entre ele e os irmão quando havia desentendimento, a dor
lembrou muito a dor de um soco dos irmãos.
A tarefa que antes a seus olhos era enfadonha agora, era necessária.
Buscou na floresta o pontinho que cairá da sua mão. Enquanto
perscrutava todo o ambiente, em um galho mais alto Mirth se preparava
para investida, empurrando a árvore com os pés e fazendo com que
ela começasse uma queda. O guerreiro viajava em direção ao
gigante, teve
impulso necessário para alcançar a coxa. O golpe da espada fez o
gigante grunhir, uma gota do sangue do primeiro filho dos Deuses
escorria pela perna. Mirth sentiu o impacto da mão o atingindo e
seus ossos tremeram, sustentava o peso da enorme mão de forma
espetacular. Ele devia estar esmagado, de alguma forma a força que
tinha era descomunal. Puxando a mão para o alto o terrível inimigo
golpeou novamente, sentiu o metal da armadura atravessa
a pele
em alguns locais do corpo, a dor o invadia de forma bruta. Gritou e
dispersando toda a sua energia livrou-se do aperto fatal, caía.
Fincou a espada para se livrar da queda agora com as duas mãos
empurrava os pés contra a pele do gigante que tentava uma nova
investida. Desceu
em direção a panturrilha aumentando
o rasgo na
perna.
O novo golpe do ser enorme foi em vão, Mirth soltou a espada e caiu
rolando no chão, deixando
o gigante forçar a espada mais para dentro da perna.
Olhava o gigante enfurecido pelo ferimento se movimentar de forma
desgovernada em direção a cidade, cambaleou, O regente respirava
com dificuldade uma força interna parecia aliviar suas
dores. O gigante atacaria a cidade com o seu braço, não poderia
deixar aquilo acontecer.
A dor aumentou, sentiu todos os
ferimentos, sua visão turvava e suas pernas já não o aguentava.
Ajoelhou-se,
sentia que já habitava o intermédio entre dois lugares: a vida e a
morte.
Viu
uma mulher de face branda, os olhos sábios e o vestido lilas. Soube
que era sua vó.
— Salve-os vó... — Sussurrava.
—
Obrigado meu filho, seu dever foi cumprido.
Caiu de costas,
levantando os olhos viu que o ataque do gigante sendo bloqueado por
uma barreira invisível. Uma barreira que protegia com tanta
propriedade que o chão envolta de Tya cedeu a força do gigante, mas
a terra aonde estava a cidade estava incólume. Voltou o olhar para a
mulher de olhos doces e que chorava.
— Obrigado por
protegê-los — ele enxerga apenas ela e a barreira.
— Não me
agradeça, é a sua vontade que sustenta toda a barreira — Ela
aproximou e acariciou o rosto do morto — A linha que liga você ao
destino dessa cidade é um fluvial forte do grande rio que é o
gerador de tudo nesse mundo. Cumpriste seu dever, agora cabe a mim
reger o que deixas, eu te amo meu neto, até breve.
O
castelo branco se remexia, O gigante voltara ferido e falhara em sua
missão.
— Senhor, nosso irmão esta ferido, havia…
— Eu
sei! — O enfermo utilizou de suas forças para soltar um grito
mental — senti daqui a batalha, e a incomum entidade — na cabeça
do primeiro cavaleiro escarlate borbulhava o arfar de
seu mestre
— Uma entidade vinda de alma humana. Isso é novidade… a não ser
que ela houvesse se banhado no sangue de nossos pais de alguma forma,
tenho que averiguar assim que puder. Antes…
A voz na cabeça
do Cavaleiro primordial cessou enquanto ele colocava a última
corrente no gigante ferido, a névoa negra envolveu o calabouço
aonde havia outro dois gigantes, o cavaleiro deixou o calabouço
enquanto ele era submerso pela névoa e os sussurros furiosos. Amanha
seguinte havia apenas uma carcaça seca e o último gigante
amedrontado.
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