sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Tya- O torneio( 1 de 3 )

O dia nasceu trazendo consigo a ansiedade, ela morava dentro do peito das crianças da cidade de Tya. Muitas delas haviam dormido mais tarde rolando nas camas, o grande tornei era o evento que todos esperavam. Os campeões dos torneios anteriores se sentiam como as crianças, uma pouco mais, haviam sobre os ombros uma certa responsabilidade, ali todos se divertiam, ganhar nem sempre era o importante. A maior responsabilidade era a de estar a frente de um dos cargos de importância de Tya, coisa almejada por todos os moradores dali. Eles sentiam a vontade de fazer aquele local crescer. Porem para alguém nas sombras do estábulo que serviam para os cavalos se alimentarem e passarem a noite, Loreah amarrava as novas aljavas feitas de cipós da floresta, concentração impecável, respiração balanceada, olhos severos e veias pulsando orgulho ferido. Liof cuidava da pequenina Ounda, ela estava esgotada Duia e ele conversaram bastante durante a noite através de Ounda. A menina estava deitada, lábios entreabertos, suas bochechas gorduchas subiam um pouco quando ela respirava, assim como o seu corpo na almofada. Liof a olhava com olhos brilhantes de nostalgia e esperança. Seu pequenino dormiu despreocupado assim como aquela menininha, agora ele dormia pra sempre.
—O sono daqueles que são puros—Ele sussurrou.
Marian conversava com o dono da pena de luz, tentava conhecer um pouco mais da cidade.
—Você vai adorar o torneio, ele acontece de hoje ate o término das competições e no último dia existe as danças. São belíssimas e logo após tem o evento mais sagrado, a flor de luz é despetalada e dada aos novos casais concretizando assim a união. São duas pétalas para o casal. Olha só.—O homem tirou um cordão de dentro da blusa, na ponta dele uma pétala azul prateada—me lembro quando eu e a minha Noara tínhamos ganhado as nossas, porém n
ós ainda não tínhamos visto que eramos ligados dessa forma, sabe, sempre fomos amigos desde pequenos mas eu não percebi que ela gostava de mim desse jeito.
As sobrancelhas de Marian se juntaram um pouco, seu peito do preenchido por um ar, ar que almejava ser suspiro. Sua mente delineou o homem de cabelos negros, de olhos intensos e carinhosos e de mente simples. Tão simples que talvez nunca tivesse pensado em encontrar alguém, como ela pensava quando era pequenina. Suspirou.
... pois é, ela deixou essa terra depois do último torneio. A regente cuidara dela de alguma forma—Ele deu um sorriso entristecido—agora vou chamar todos que já devemos ir.
Tudo bem – na mente dela ainda pairava—Sten!
O Selvagem andava firme e de semblante estático, sem expressões, ao levantar seus olhos que estavam parados enquanto sua mente buscava entender ainda o torneio que se aproximava, sorriu. Repassava em sua mente todas as vezes que fez alguma coisa para ajudar a se proteger dentro da floresta-sem-luz. O dia anterior ele havia passado bom tempo aprendendo com Calino, segundo o que falou Ádaia o menino era muito avançado na maioria das coisas.
—Marian!—Ele falou num tom mais alegre que o comum, então tentou concertar—Você não quis participar do tornei?—Sua voz foi um pouco mais formal.
—Não, eu ficarei cuidando da intermediaria da regente. Duia pediu para estar do lado da pequenina.
—Duia!? Quem conversou com Liof e conosco quando chegamos – Ele repetia o que sabia, algo muito comum quando não se sabe ao certo o que falar.
Marian!—Pirtrio e Pãtrio surgiram de forma alegre, não pareciam os meninos endurecidos e sérios que tinham sido encontrados por eles.
—Vamos para o torneio? —Sten quis dar foco ao objetivo.
Loreah já se dirigia a grande arena, cobriu seus cabelos loiros com o capuz verde-floresta conseguido a pouco tempo com um dos moradores que a viu treinando e quis lhe dar um presente de boa sorte. Um cortejo. Tudo que ele conseguiu com o gesto foi um olhar gelado. O final de seu treinamento ela o pegou na cerca que ele havia deixado. Agora todos ia para arena.

A cidade chamava de a grandiosa caminhada a movimentação do povo em direção a área do torneio, cavaleiro montados em cavalos sem sela. As modalidades dos torneio que mais atraiam o povo eram a de espada, de arco e flecha e a de inteligência. A de inteligência abria as comemorações, o vencedor tinha o grande cargo de apurador. Automaticamente ele vira o segundo juiz do torneio e auxiliava em decisões complexas.
Como a do torneio anterior aonde o brilho deixado nas placas de metal enferrujados foi decidido pela regente, pelo vencedor de inteligência do torneio anterior e pelo novo apurador. A quantidade de primaveras não importava naquele local, um menino que acabara de aprender a falar poderia concorrer a apurador. Todos tinham o direito de competir aonde quisessem.

Alguns trovadores andavam dando o tom da marcha, a cidade que nos dias anteriores parecia vazia vista de cima parecia um formigueiro, pessoas cantando. Rindo. Todos preparados. As áreas de torneio eram dívidas, em etapas mas o encontro inicial era com a fala da regente e o teste de inteligência. A pequenina era carregada pelo Guardião, A regente havia falado com todos que gostaria de ter ele e Marian como protetores primários. Ádaia tomou providências para que isso acontecesse. A cerimonia inicial era apenas para os competidores, pois não caberia todas as pessoas de Tya ali, muitos subiam em construções para tentar ver alguma coisa. Ounda acordou, deu um sorriso desceu do colo de Liof e andou até o centro do círculo aonde se encontravam. Os bardos pararam as músicas. Os olhos da menina tomou a tonalidade lilás característica da regente, Liof se concentrou, seus olhos ficaram ambar. Ele protegeria ela de qualquer ataque, sua memória havia identificado bastante informações na questão do fluxo mágico. O orbe se tornara uma lembrança constante que o ajudava a encontrar meio de deixar fluir o grande rio de magia. Agora ele balançava freneticamente o rio, para que caso o seu rival resolvesse atacar encontrasse somente a ele. Algo dizia que se ele pudesse realmente atacar teria aproveitado a chance quando controlou o corpo da pequenina. A voz da regente se fazia ouvir de onde quer que você estivesse na cidade você a escutaria como se ela estivesse ao seu lado.

Esse é o torneio mais importante desde a era dos reinos. Como todos sabemos, sofremos ataques externos algumas vezes. Nos mantivemos firmes ante as investidas dos cavaleiros escarlates, nossas defesas foram bem estabelecidas. Conseguímos nos relacionar com o local que nós vivemos, que é sagrado. Nós nos sustentamos sem destruir e isso tudo continuara assim. O nosso reino será a semente de algo maior. A dois dias chegou um grupo de aventureiros, que aos olhos de nossa maior campeã se tornaram amigos de toda Tya. Eles trazem consigo, notícias preocupantes. Chegou a hora de ajudarmos as aldeias que nos cercam, mesmo que isso signifique a extinção da nossa — Bocas se abriram emitindo ós e aís — Nós nunca tivemos medo, fomos cautelosos e talvez isso tenha nos transformados em fortes. Não podemos simplesmente fechar os olhos por comodismo, pois o inimigo que nos aguarda está se fortalecendo e sem a capacidade de expandirmos nossos conhecimentos ficaremos presos na nossa redoma e seremos soterrados por ela. Esse é o torneio que você mais esperavam, o torneio que mudara vidas. Que trará consigo os campeões responsáveis por liderar a conquista da liberdade de todos os povos de terras divididas. Mesmo que não conheçamos nenhum deles. Os representantes e amigos se apresentam. Liof o último Guardião – Um burburinho se ergueu, todos ali sabiam as histórias sobre os guardiões, a imagem que tiveram foi dos olhos fogo do velho — Sten, O selvagem — A conversa que Liof teve com ela, foi esclarecedora sobre cada um deles — Marian, A líder de Falligan — Ela apontava para a mulher de olhos castanhos e límpidos — Pãntrio e Pirtrio, Os embaixadores de Runei — Os meninos abriram um sorriso escutando o nome de sua cidade — E Loreah — Ela buscou a ladina no meio da multidão — A andarilha — Loreah não se aborreceu, não ligava para o que falaram dela. Seus punhos serrados, lábio comprimido e olhar feroz diziam o que ela queria — Vamos ao início.

O Torneio de inteligência foi iniciado, a primeira prova era simples. Resolver problemas de formação e proteção. Os candidatos faziam suas sugestões sobre o ataque e defesa, alguns
foram muito bem. Escolhas diversificadas porém corretas, todos passaram. A segunda era provisões e decisões, para cada um era montado um cenário diferente, Marian acompanhava atenta todas as soluções e pensava em como faria caso fosse a sua aldeia naquelas situações. Criava sua própria solução e confiava nelas. Passaram apenas três dessa etapa. O vencedor do ano anterior um menino, com pouco mais de quinze primaveras ajudava a julgar. Faltavam duas etapas, porém todos consideravam apenas a penúltima pois a última possuía um enigma insolúvel. A última etapa era o próprio julgamento, a inteligência passa por decisões e conhecimentos em geral, os conhecimentos uteis para um apurador era a capacidade de avaliar a situação com poucos elementos e decidir.

Um grão de areia, um pedaço de ferro e a pedra vermelha. Quem demorasse menor tempo para responder corretamente ganhava. Os elementos foram revelados e Marian sussurou
— O Nosso inimigo é o dono do castelo branco — Ela tinha uma vantagem contra aquele
s ali, ela conhecia o problema.
—Muito bem — disse a regente — Eu quis revelar a pessoa mais inteligente nossos planos e é claro ver se ela está disposta a ter essa responsabilidade.

Uma mulher arregalou os olhos, sua mão começou a tremer. Andou até a regente com a resposta nos
lábios.
É verdade? Existe um senhor dos cavaleiros? Como venceremos? — A mulher com cabelos castanhos escuros e uma fisionomia marcada pelo trabalho na mina de ferro.
— Estamos decidindo isso ainda, mas precisamos de você Guinn.—olhou dentro dos olhos da mulher que confirmou seu apoio—Temos uma campeã —Ela se fez ouvir. Por todos.

O último enigma ficava ali em exposição, para qualquer um que quisesse tentar fazer. Uma caixa de madeira, com entalhes de animais, suas paredes se moviam eram moveis e podia se organizar conforme a sua vontade. Um segredo desconhecido até para a regente.

A caixa tinha: Um lobo-olho-azul, Uma serpente, Um pássaro e Um inseto.

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