sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Tya - A reconstrução de um reino puro

 Tya é a aldeia que conseguiu autonomia, ninguém ali possui cristais vermelhos. Os postos de cavaleiros escarlates que cercam a cidade, serviam para vigília dos moradores. Primaveras se passaram desde a última vez que o portão havia sido aberto. Após a cerimonia de enterro dos animais que Loreah havia matado. O hiato havia sido quebrado, para os soldados haviam escadas nas torres que abaixadas possibilitavam a entrada e saída do local e foi desse modo que eles se organizaram para atacar os invasores. Que agora eram amigos. O portão se abria para amigos. O ar fez barulho ao passa pela fresta vertical da parede, que começou a ganhar largura. A aldeia tinha uma extensão que fazia sumir de vista as construções de casa. Os lábios de Liof desenharam um sorriso saudoso em seu rosto, seu olhar cintilava e seu peito se encheu de ar e esperança. O suspiro saiu. Aurinia era habitante de Mengua. Uma flautista que em um dia de torneio ganhou o coração dele, e tempos depois deu à luz ao filho dele. Ambos foram mortos, pelo gigante. Toda uma sequência de fatos que poderia desanimar um homem mas ali em Mengua a sua lembrança era do grande torneio entre reinos, muito antes da tentativa de invasão ao castelo branco e dos gigantes. Ele sentia o doce soar da flauta de Aurinia.

Loreah permanecia com uma ferida nova, uma ferida interna. Resmungava para si mesmas palavras tentando justificar a derrota na batalha anterior, ela não estava acostumada a ser nocauteada. A ferida pulsava a raiva. Tudo que ela queria era uma oportunidade, apenas uma oportunidade, quando ela tivesse essa.
—Oportunidade —escapou de seus pensamentos.
—Oportunidade de que? — Marian perguntou.
—De nada —seus olhos ferozes repousaram no rosto amorenado da líder de Falligan – De nada! —adiantou o passo se mantendo a uma distância de todos.

Ádaia estava com o braço escorado nos ombros de Sten.
—Então me diga, você resolveram fazer da história de criança sobre os guardiões realidade?
—Como assim história de criança?
—Eles são os heróis das histórias para nossas crianças, Um grupo de cavaleiros incorruptíveis e com o objetivo de unificar todas os reinos antigos. Esse é o objetivo de vocês?
— De certo modo— Sten estava observando a cidade espantado.
Ádaia deu uma gargalhada leve e olhou para o homem de cabelos negros. O semblante dela mudou quando viu a seriedade com que ele encarava situação.
—Para os guardiões vocês estão precisando de mais pessoas. E pessoas melhores em combate.
—Claro, por isso estamos avançando em direção as aldeias para ligarmos elas através de algumas pessoas— levantou o queixo olhando para o rosto da mulher de cabelos vermelhos — Quanto ao combate, nós estávamos em leve desvantagem de número e a surpresa foi um fator decisivo.
—Verdade, se querem um desafio justo em dois sois teremos o torneio. Nele são decididos os grandes representantes das artes. Faz sete flores de luz que eu não perco na arte da espada, do polimento e na faca.


Todos integrantes da tropa haviam ido para seus postos e apenas Ádaia mantinha todos em direção a praça central. Contaram grande parte da jornada até ali quando a visão de um menino de cabelos vermelhos brincando com os pássaros na praça central, perto do destino deles. Tomou a atenção de Ádaia.
Calino, o que está fazendo na praça central?- Falou com um olhar terno para o garotinho que agora estava envolto pelos pássaros.
—Estava brincando, papai está lavando a casa e eu pedi pra vir aqui brincar com os pardais.
—Espero que seus treinamentos estejam em dia.
— Claro que estão, hoje aprendi sobre a forja. Titio ensinou o ponto do brilho do ferro.
—Depois quero ver se aprendeu direitinho. Agora vem aqui e cumprimente os novos amigos de Tya. Aproveita e de um beijo na mãe.
—Mãe...
—Rápido!— Disse ela com carinho e rigidez.
O menino de sete primaveras se aproximou e fez uma reverência para cada um dos que estavam perto de sua mãe. Foi pego então levado ao rosto da ruiva e deu um beijo carinhoso no rosto, depois subiu nos ombros dela.
—Eles já viram a regente?— Perguntou o menino curioso.
—Estou levando eles para ela agora. Seu apressadinho.
A tenda roxa com adornos dourados figurava a frente de todos eles. Liof sentia a leveza do local e o poder. Outro santuário. Eles entraram e havia várias almofadas no local e uma menina pequenina no meio. Aparentava a mesma idade de Calino, de olhos grandes verdes e cabelos encaracolados curtinhos. Sua tez morena se assemelhava a de Marian.
—Notícia boa regente— A mulherona disse para a pequena— os primeiros amigos de Tya em muitas flores de luz.
A pequenina sorriu então seus olhos foram preenchidos e uma cor lilás e seu corpo endireitou-se e levitou um pouco acima das almofadas.
—Que grandes notícias— A voz que brotava era a junção da voz da criança e da entidade que por ela falava— Eles pretendem auxiliar na defesa?
— Na verdade eles trazem outro propósito. Eles pretendem unir as cidades e atacar o grande castelo branco.
—Isso é loucura, desculpem meu tom mas isso é praticamente entregar a vida por uma causa perdida.
Sten tomou a frente.
— O que a senhora sugere que façamos? Ficar presos em nossas aldeias até que o senhor do castelo resolva que sua aldeia não deve existir e a destrua.
— Vejo que carrega marca— levantou sua mão em direção a Sten e a afastou como se algo repelisse sua tentativa de contato— Não sei se você entende rapaz, mas já tentaram fazer isso a muito tempo atrás e o resultado foi o confinamento de todos em seus próprios territórios.
— Da outra vez os guardiões conseguiram enfraquecer eles.—Liof falou com firmeza.
— É verdade. é... —O corpo da menina se contorceu, o lilás dos olhos começou a escurecer. A voz sôfrega de quem prendia a respiração por longo tempo pulsou — saiam todos! Exceto você guardião primordial.
Sten fincou os pés e não quis sair, Ádaia o segurou pelo braço e ele não tentou resistir.

—Enfim!— A voz da anciã havia sumidos agora uma entidade maior falava— Te encontrei, eu realmente não acreditava que você ficaria adormecido eternamente. Já planejava te caçar. Sem a magia do orbe você não pode ser localizado facilmente. Ele te jogou em algum lugar dessas terras para te proteger. Uma cortesia dos antigos Deuses. — A menina inclinou a cabeça um pouco para o lado e levitou até quase encostar no topo da tenda. Observou os olhos de Liof —Você ainda não se lembra não é?— Uma gargalhada abalou tudo dentro da tenda.
— Pena não poder me localizar— Liof o desafiava — Santuários mantêm a energia correndo, como as águas canalizadas para irrigação você sabe que a água passa mas não sabe aonde.
—Vejo que não está tão leigo quanto aparenta— Ele se divertia com o rosto do homem que se concentrava para expulsa-lo dali— Vim apenas avisar que é tudo questão de tempo até que nos enfrentamos, e dessa vez. Eu te apagarei da existência.

O corpo da menina despencou, mole. Liof correu, os travesseiros não amorteceriam a queda por completo. Quando as mãos dele seguraram a garotinha os olhos lilás voltaram.
—Ele é muito forte, Liof— Ela o reconheceu.
—Eu também sou, Duia— A memória dele havia resgatado a figura da sabia cuidadora do templo da flor de luz— Precisamos enfrentá-lo de forma diferente.
A menina adormeceu em seus braços. Ele a repousou nas almofadas e saiu.

—O que foi aquilo Liof? — Sten estava mais preocupado que curioso
— Nada— O rosto do velho estava endurecido e sério.
— Como ela está?
— Bem.— Ele saiu apressado uma direção qualquer, precisava de silêncio.
Todos ficaram ali estáticos sem entender nada. Quando a tensão passou Calino fez muitas perguntas a todos ali. Ádaia voltou para o seu posto depois de verificar como a regente estava e pediu para seu filho acomodar os cinco aventureiros nos quartos vazios da taverna pena de luz.
Todos se alimentaram com formas diferente de preparo de frutas e grãos.

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