sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Runei - Os contadores de historia

Liof preparava no caldeirão uma mistura, durante o dia encontrou frutos e sementes que aparentemente eram comestíveis. Se dispôs a esquentá-los.
Liof porque esta cozinhando essas sementes?
Simples Marian, qualquer mal sucumbe ao calor.
Porque você só esta fazendo isso agora?
Os grãos e frutos anteriores foram retirados de locais conhecidos. Aqui eu não sei como trataram essas coisas
A água borbulhou e um chorume negro começou a se espalhar de tudo que havia dentro. Liof olhou concentradamente, buscava algo nas águas da sopa.
Envini, gérmen traiçoeiro. Responsável por envenenar o mundo. Responsável por equilibrar os efeitos da limpa-corpo.
Marian esta escutava atentamente, aquele conhecimento vinha de um homem surpreendente, ela via em Liof um segundo pai apesar da relação dele com a farpa mental que ela possuía sobre o assassinato de seu pai. Liof prosseguiu.
Todo mal, necessita de algo para equilibrar.- ele riu.
O que foi Liof? —ela queria rir também
_ Lembranças de um amigo!
Me conte sobre as histórias que conseguir lembrar.
Vamos buscar mais comida. Quero ver ate aonde as árvores dessa estrada estão contaminadas. No caminho eu te conto.
Eles levantaram e se retiraram.


Em Runei. Os soldados de armadura perolada observavam as pessoas, eles eram implacáveis. Qualquer um que se atrevia a sair da linha que eles traçaram ou furar a fila criada recebia um golpe com o cabo da espada bem-dado.
Uma vez um grupo de cinco pessoas tentou atacar o rei quando estavam perto de receber o mantimento. Eles foram mortos e nos ficamos sem comida por dois dias.
O menino com o braço machucado falou olhando para a cena da entrega do mantimento.
Menino vamos lá precisamos saber como funciona tudo aqui.
Tudo bem vou levar você pra casa da minha vó.
Eles andaram entre o labirinto de casas sujas e com madeiras soltas, um amontoado de madeira e retirando uma delas. A casa se mostrou, o único cômodo tinha muitas cadeiras e uma cama onde estava deitada uma mulher. O rosto da mulher não possuía muito das cicatrizes feitas pelo tempo, o que aparentava sua idade eram as mãos e o cabelo branco.

—Mama! Me permite apresentá-los?— A cordialidade e respeito na voz do garoto gerou o brilho no olhar de ambos. Algo ali fez um sorriso puro pular do rosto de Sten.
—Claro meu amor!— Ela tentou se ajeitar. Suas pernas não respondiam e a força estava apenas na sua presença e não no seu corpo. Eles entraram e se sentaram nas cadeiras mais próximas da cama. Loreah se ajeitou, segurou a mão da mulher e a reverenciou, uma coisa que só se faz com parentes ou com a pessoa mais reconhecida na aldeia onde ela nascera. O coração do rapaz selvagem estava acelerado, uma euforia se instalava. Coisa que não sentia desde o dia em que Liof o desafiou para uma corrida da árvore até a cachoeira. O sorriso não abandonava seu rosto. A aura entorno da mulher era de motivação.

—Certamente vieram para escutar uma das minhas histórias, é o que todos os meninos fazem por aqui.
—Claro que viemos mama!
—O que gostariam de escutar?
Loreah se apressou.
— Poderia nos contar de como o Senhor do castelo começou a dominar todas as terras?
—É claro minha querida.


Liof estava calado a algum tempo quando acertou os nós frouxos nas lembranças e começou:

Não lembro se já havia te falado mas ouve um problema com os gigantes – Marian o interrompeu.
—Sten me contou sobre os guardiões, porém há algumas coisas que não compreendo. Você teria que ser muito mais velho do que aparenta
—Eu concordo, eu também não entendo. O que mais não entende?
— O que aconteceu depois que o gigante— ela fez uma pausa — você sabe.
Os olhos dele tremeluziram, viajou dentro da mente vendo o rosto sob os destroços e o dia do nascimento de seu filho. Entre a felicidade e a dor ele já estava mentalmente forte para o impacto.
— Sei sim! Eu estava amarrando fatos, agora consigo seguir desse ponto— respirou fundo— O gigante esmagou meu pequeno vilarejo e — a realidade do que acontecera fugiu de sua mente
 — Eu lembro dele morto, decapitado. Porem Ant´jur e o outro sábio que haviam desenvolvido a técnica para vencê-los não estavam comigo. Havia eu coberto do sangue do ser colossal, as ruínas e o orbe cristalino da forma da cabeça de um grande lagarto. Eu havia entendido o que era e ele se assimilava a mim, entramos em uma ressonância estranha. Me sentia — ele buscava uma palavra que explicasse melhor mas não conseguiu — Maior, como se tudo a minha frente fosse simples. Um pensamento me transportou para o lado de Ant'jur. As paredes eram úmidas, ele estava de olhos fechados e quando meu corpo se moldou por completo, ele teve um reflexo. O coração dele acelerou, eu senti, ele também estava ferido gravemente. Quando falei, ele tapou os ouvidos. A caverna ecoou, minha voz não era minha. Algo dizia que era perseguido. Me senti perdido e o orbe se perdeu— Marian o interrompeu.
Liof não estou entendendo.— os olhos dela estavam fixos na face do guardião.
— Desculpe, comecei a falar sem raciocinar, o importante que você tem que saber é: Encontrei com o sábio escondido, fugimos em direção ao local seguro e no caminho de alguma forma perdi aquele orbe. Depois de um tempo chegamos na floresta onde era a morada dos guardiões, Ant´jur no caminho me contou sobre os dias que passei sumido. Os gigantes atacaram cidades e repreenderam os reinos, dividindo e estavam sobre monitoramento de soldados do rei que nos traiu.

Em Runei. A velhinha deu um sorrisinho.
—Após uma rixa muito grande entre os guardiões, não os primeiros. Aqueles que se opunha aos gigantes, eles tinham o povo ao seu lado até as pessoas cederem aos prêmios dados pelo senhor do castelo. Logo as terras estavam divididas e os postos olhavam tudo. Algumas cidades deram tropas para os cavaleiros escarlates. Que diferente de hoje montavam, sim, em cavalos. Esses foram os passos para ele dominar, primeiro lute. Se não funcionar corrompa-os e guie-os até onde você quiser. Para saber tudo isso vocês devem estar pensando quantas primaveras eu tenho, não mais que vinte e cinco—Loreah abriu a boca, Ela aparentava ter muito mais — sei que pareço muito mais velha, é um tipo de doença. Eu sei tudo isso porque na minha família é a tradição contarmos todas histórias. Minha filha não gosta de história então resolvi chamar todas as crianças para escutar meus contos e saberem que o senhor do palácio alvo é descendente do rei traidor.

O que é esse rei traidor?
—Não se adiante querida.

Liof e Marian andavam para o acampamento com novos frutos e sementes para verificar se estavam ou não envenenados por Envini
—O ferimento já fazia a vide do meu amigo esvair, fui até o guardião. Ele me atendeu e quis socorrer ele por mim. Ant'jur olhou pra mim e falou
Valian ainda é uma criança e algo me diz que ela não parará de chorar tão cedo”, as chamas do guardião se expandiram. A partir dessa memória não lembro de nada. O nome do rei era Sersio. Em Runei. A senhora saciava a sede de Loreah.
—Sersio, ele foi o que desencadeou sozinho toda as consequências das histórias antigas. Ele atacou os gigantes— Sten lembrou o nome— Ele traiu todos e montou o domínio. Ele não contava porém que o senhor do grande castelo era poderoso o suficiente para fazê-lo adoecer e dominar seus descendentes.
Um homem determinou o destino de sete reinos porque vislumbrou a cor da ganância e há de chegar o dia em que uma pessoa vai mudar as coisas. Elas não devem permanecer nas mãos de um só. Não é meu filho.
Ela olhou para o menino com o braço enfaixado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário