quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O vale costas-do-esqueleto - Os passos

Os primeiros passos dentro do do vale foram estranhamente familiares para Liof, eles caminhavam com cuidado. Avançaram durante uma manha inteira e nada tinha mudado tudo parecia os mesmos relevos, e sempre, as mesmas rachaduras nas paredes. O rio que cortava o vale ao meio era o que diferia ate certo ponto, a partir do momento em que ele se tornou caudaloso o suficiente para se ter que atravessar eles ficaram junto em uma mesma margem.
Liof quantas pessoas existiam no local onde você morou? - Marian pensava em como a quantidade de pessoas da sua aldeia diminuiu com o ataque
O reino havia mais de cinco mil habitantes. Eram vilas com casas enormes. Mercados cheios, comidas de muitos tipos, as ruas viviam cheias de pessoas o dia todo. Eu gostava em particular da noite quando havia música e histórias. As pessoas eram alegres, eu vivia aprendendo com os cavaleiros antigos e com guardas mestre que se propunham a contar seus feitos. coisa que na época era enfrentar um animal grande, vencer torneios de habilidades, vencer um sábio ou outro no jogo de palavras. - ele deu um suspiro sentido - nenhum dos meus mestres já mais soube o que é estar em guerra ou o que eram os gigantes.
Havia necessidade dele acrescer tanta história assim? Ela só perguntou da população - sussurrou Loreah, sendo importuna com o propósito de espezinha o rapaz de cabelos negros e pouca barba. Ele ignorou-a ou, pelo menos, tentou.
Nunca vi alguém reclamar tanto quanto você
Um sorriso brotou no canto da boca da ladina.
O guardião estacou e pediu para todos pararem, uma fumaça começou a cobrir as águas do rio e o chão a frente deles. A vista começou a embaçar e logo uma parede branca se figurava a frente deles.
Vamos andar juntos, não sabemos o que se esconde aqui. Muito cuidado.
Sten enxergou um vulto no meio da névoa e seu instinto o fez atacar. Ele não escutou o que Liof gritou, ele apenas agiu. Retirou sua querida adaga de um suporte de cipó trançado que ele mesmo havia feito. Atacou acertando o ser. A adaga penetrou uma couraça espessa, fez barulho de vidro rachando. O sulco que saiu da ferida aberta cristalizou ao contato com o ar. O ser grunhiu, se contorceu com velocidade descomunal e da mesma forma desferiu um golpe com uma de suas mãos deformadas. O Homem de cabelos pretos foi lançado a metros da figura, saindo da área nevoenta. Os três correram para ajudá-lo, ele cuspiu sangue. Quando chegaram perto o ser disforme atacou. Retirando-se da névoa, corria lentamente. A figura assustava os sentidos. A Metade direita de seu rosto era flácido mostrando o interior vermelho abaixo do olho, que figurava morto na face que seria de um homem, a outra parte do rosto era composta de cristais vermelhos quais um coral sobre a carcaça de um barco. Ele arrastava a mão envolta por minério parecido com as paredes do vale. Uma de suas pernas era diminuta, o que fazia-o mancar. Uma corcunda vermelha nascia de sua omoplata aonde a adaga branca estava fincada.

O ataque foi defendido pela ladina que rilhou os dentes com o golpe, se não tivesse feito isso, Sten estaria com grandes problemas. Ele levantou-se correu em direção a figura disforme, esquivou de outro ataque da mão enorme. Projetou seu pulo em direção a adaga. Suas mãos seguraram firme o cabo da mesma. Uma flecha zuniu. O rapaz apoiou os pés na costa do ser, montado no monstro arregalou os olhos. Viu Loreah com o arco em mãos, buscando outra
flecha. A revolta do corpo fincado pela adaga lançou novamente Sten ao ar, ele conseguiu equilibrar seu corpo para cair de forma premeditada. Caiu rolando para trás a flecha raspou em sua cintura, encontrou o pé da figura e o chão firme. Sten estava preparado para outra investida, quando o monstro tentou movimentar-se e desequilibrou caindo no rio. A água o esfarelou, como se ele fosse feito de areia. Nem a pedra vermelha sobrou. O chiado da respiração do homem com a adaga, era a única coisa que quebrava o silêncio. Ele olhou para a ladina, encontrou os cabelos dourados desarrumados. As sobrancelhas quase se encontrando franzidas, ele viu uma borda de um vermelho mais intenso nos lábios dela. Loreah também havia sofrido danos internos com o ataque.
—Ótimos tiros—ele não quis falar sobre a imprudência dela atirar com ele se movendo na frente do alvo.

—Eu não mirei nele—ela riu um pouco.
—Venha aqui Sten—Liof falou com um tom simples e firme.
O rapaz andou até seu mestre. O velho arrancou a adaga da mão do rapaz.

—Entendo o instinto, ele ira te salvar incontáveis vezesele fez um arco com a mão na horizontal na direção do pescoço dele, o rapaz pego de surpresa esquivouMas se você não utilizá-lo com um pouco de raciocínio – dele desferiu um chute com a sola do pé que agora tinha um envoltório que foi encontrado na morada dos guardiõesvocê tera problemas – a mão do mestre encostou no tronco do selvagem e o desequilibrou na direção do rio. Ele cairia se não fosse seu mestre segurar seu antebraço no momento corretoFoi isso que fez a figura a nossa frente a cair, isso foi o que você fez atacar. Quando atacar, saiba porque você está atacando. Quando se defender, saiba porque o oponente ataca. Cada movimento, é precioso e único aproveite os movimentos. Antes mesmo de executá-los.
Sten estava acostumado as lições praticas do seu mestre mas não as palavras dele, ele precisaria de tempo para entender tudo aquilo.

Ele é excêntrico, não achas?Disse a Ladina para a mulher de cabelos castanhos.—Você poderia me ensinar a lutar Loreah?- Marian pediu com sinceridade.
—Claro—Respondeu desconcertada.
Todos se reuniram um pouco antes da cortina branca e espeça.

—Vamos com Cautela, não ataquem. - ele olhou para Sten em forma de repreensão.
Eles avançaram alguns metros, unidos observado tudo. Novas figuras surgiram, todas com olhos e rostos voltados para locais diferentes. A caminhada era lenta, eles escutaram estralos e barulho de ossos quebrando.
—Quando eles se encontram eles atacam – sussurrou o Guardião.
—Então eles só enxergam quando são tocados –
concluiu MarianSe existir muitos deles próximos pode haver uma catástrofe até que eles caiam no rio. —A ladina falou.Exato —Liof encerrou a conversa.

A caminhada foi longa e a passos curtos mas eles aceleraram para que não estivesse ali durante a escuridão da noite, pois ela poderia gerar grandes problemas e talvez sentenciar o fim da jornada. A névoa se desfez, uma figura enorme ocupava aquela margem do rio. As estrelas surgiam, atrás daquele ser com a altura de cinco homens medianos. Seus braços e pernas eram cobertas de pedras, e nas paredes daquele local via-se os buracos de onde foram retiradas. A partir da cintura do monstro era tudo cristalizado até o pescoço e o rosto era a única coisa de humano naquele ser, a pele flácida como se houvesse ficado na água durante muito tempo.
Ao ver as figuras saindo da parte esbranquiçada, bateu as mãos uma na outra.Acho que esse ai nos enxergacomentou Loreah.

Ergueu seu braço imenso e deixou a gravidade agir fazendo sua mão ir de encontro aos quatro, Sten foi rápido e ajudou Marian a sair do local de impacto. Loreah e Liof voltaram para a névoa. Sten viu a outra margem do rio livre.
—Atravesse o rio, Eu sei como vamos vencer ele.

Um daqueles que não enxergavam saiu da névoa em direção ao golem e foi esmagado de pronto por outro ataque, a pedra vermelha foi atraída pelos braços do monstro e derretendo, fluiu como sangue até a placa cristalizada no tronco.

-
Ele parece ser o que os outros um dia vão se tornar – Liof falou saindo da névoa onde se escondeu.

Uma pedra acertou o golem, Sten chamava a atenção dele. Ele se virou lentamente em direção ao rapaz e novamente ergueu o braço, uma flecha de Loreah atravessou o ar e foi rebatida pela placa de cristal vermelho.
—Excremento!
Liof soltou uma gargalhada com a forma da ladina xingar.
—É assim que seu povo pragueja?
—Não é obvio?
Ele riria novamente mas o golem já estava atacando eles,
de novo foi fácil de esquivar. A velocidade era pequena mas Liof sabia que seria questão de tempo para haver um golpe que encurralaria pelo menos um dos três. Marian já estava na outra margem do rio. Os cabelos de Sten se movimentavam ao vento em sua investida. Fazia tempo que ele não sentia o prazer da velocidade em seu rosto. Cravou sua adaga na perna mais próxima, ela era mais resistente a lâmina que a omoplata de cristais do monstro menor. Seus pés se apoiaram na perna tal como ele fazia ao subir na árvore na clareira onde morou, seu corpo conhecia o movimento. Pegou impulso, arrancou a adaga e subiu mais um pouco, vendo aquilo o ser de pedra e pele se movimentou tentando tirar ele dali. Loreah preparou outra flecha. Sten tentava se manter equilibrado. Um tinir chamou atenção do monstro, Liof retirara pela primeira vez sua espada da bainha, desde que encontrou uma na nova casa dos moradores da falligan caída. Uma lasca de pedra saiu da perna, a atenção do agredido estava dividida quando decidiu atacar Liof, a seta penetrou seu rosto róseo e macilento abaixo do seu olho. A abertura cristalizou todo o objeto e a pele. Ele não tinha mais a visão de um dos olhos. O rapaz já alcançara a cintura do golem. O guardião atacava com velocidade, causando o maior dano que conseguiria treinando contra uma parede de pedra. A noite já habitava o vale quando a ladina percebeu que não havia mais flechas.

Sten viu uma fresta nas costas do golem aonde já era pedra vermelha, encaixou sua mão no local. O movimento de ataque do golem pegou Liof de surpresa, o ataque foi com a perna que estava riscada e faltando algumas lascas. Derrubando o velho. Agora pisar no Guardião seria fácil, levantou o pé. Uma adaga branca foi fincada na parte do pescoço, O rapaz tirou a mão para não ser cristalizada. Outra adaga acetou no olho que ainda possuía visão que foi tomado de pedra vermelha. Sten deixou seu peso fazer o trabalho na queda do ser petrificado. O golem despencou. O rapaz estava na
área de queda e não conseguiria sair. O estrondo foi gigantesco. O tronco do monstro agora servia de ponte entre as margens do rio seus braços iam se desfazendo nas águas, ele se contorcia mas não havia nada o que fazer. A água ganhou um pouco da cor carmesim e Loreah logo correu o olho a procura de Sten, Liof também. Marian se aproximou do monstro transformando o receio por preocupação. O silêncio tomou conta completamente do local. O barulho dos pulmões de Sten buscando ar aliviou todos ali, ele saiu com sua adaga nas mãos e na outra mão um corte grande. Ele escorou na beira onde Marian estava próxima.

- Não queria deixa
r o maldito com minha adaga. - falou ele mostrando a arma ainda com pedaços vermelhos encrustados nela.


Ele subiu na margem, viu a parte central do corpo do golem rachando com a água que batia.

Liof e Loreah atravessaram para outra margem evitando o golem que agora estava sem seus braços, que foram esfarelados pelo rio. Chegando lá decidiram a
ndar mais um pouco para saírem de perto da névoa e evitar confrontos tão desgastantes. Acamparam, fizeram o fogo de forma comum. A noite agora se passava com Liof olhando para o caminho do vale invisível aos olhos na escuridão da noite, Marian cuidando do corte da mão de Sten, Loreah observando o lugar onde o golem havia caído.

Nenhum comentário:

Postar um comentário