Os
primeiros passos dentro do do vale foram estranhamente familiares
para Liof, eles caminhavam com cuidado. Avançaram durante uma manha
inteira e nada tinha mudado tudo parecia os mesmos relevos, e sempre,
as mesmas rachaduras nas paredes. O rio que cortava o vale ao meio
era o que diferia ate certo ponto, a partir do momento em que ele se
tornou caudaloso o suficiente para se ter que atravessar eles ficaram
junto em uma mesma margem.
—Liof
quantas pessoas existiam no local onde você morou? - Marian pensava
em como a quantidade de pessoas da sua aldeia diminuiu com o ataque
—O reino havia mais de cinco mil habitantes. Eram
vilas com casas enormes. Mercados cheios, comidas de muitos tipos, as
ruas viviam cheias de pessoas o dia todo. Eu gostava em particular da
noite quando havia música
e histórias.
As pessoas eram alegres, eu vivia aprendendo com os cavaleiros
antigos e com guardas mestre que se propunham a contar seus feitos.
coisa que na época era enfrentar um animal grande, vencer torneios
de habilidades, vencer um sábio ou outro no jogo de palavras. - ele
deu um suspiro sentido - nenhum dos meus mestres já mais soube o que
é estar em guerra ou o que eram os gigantes.
—Havia
necessidade dele acrescer tanta história
assim? Ela só
perguntou da população - sussurrou Loreah, sendo importuna com o
propósito de espezinha o
rapaz de cabelos negros e pouca barba. Ele ignorou-a
ou,
pelo menos, tentou.
—Nunca
vi alguém reclamar tanto quanto você
Um
sorriso brotou no canto da boca da ladina.
O
guardião estacou e pediu para todos pararem, uma fumaça
começou a cobrir as águas
do rio e o chão a frente deles. A vista começou a embaçar e logo
uma parede branca se figurava a frente deles.
—Vamos
andar juntos, não sabemos o que se
esconde aqui.
Muito cuidado.
Sten
enxergou um vulto no meio da névoa
e seu
instinto
o fez atacar. Ele não escutou o que Liof
gritou, ele apenas agiu. Retirou sua querida adaga de um suporte de
cipó trançado que ele mesmo havia feito. Atacou acertando o ser. A
adaga penetrou uma couraça espessa,
fez
barulho de vidro rachando.
O sulco que saiu da ferida aberta cristalizou ao contato com o ar. O
ser grunhiu, se contorceu com velocidade descomunal e da mesma forma
desferiu um golpe com uma de suas mãos deformadas. O Homem de
cabelos pretos foi lançado a metros da figura, saindo da área
nevoenta. Os
três correram para ajudá-lo, ele cuspiu sangue. Quando chegaram
perto o ser disforme atacou. Retirando-se da névoa, corria
lentamente. A figura assustava os sentidos. A Metade direita de seu
rosto era flácido mostrando o interior vermelho abaixo do olho, que
figurava morto na face que seria de um homem, a outra parte do rosto
era composta de cristais vermelhos quais um coral sobre a carcaça de
um barco. Ele arrastava a mão envolta por minério parecido com as
paredes do vale. Uma de suas pernas era diminuta, o que fazia-o
mancar. Uma corcunda vermelha nascia de sua omoplata aonde a adaga
branca estava fincada.
O ataque foi defendido pela ladina que
rilhou os dentes com o golpe, se não tivesse feito isso, Sten
estaria com grandes problemas. Ele levantou-se correu em direção a
figura disforme, esquivou de outro ataque da mão enorme. Projetou
seu pulo em direção a adaga. Suas mãos seguraram firme o cabo da
mesma. Uma flecha zuniu. O rapaz apoiou os pés na costa do ser,
montado no monstro arregalou os olhos. Viu Loreah com o arco em mãos,
buscando outra flecha.
A revolta do corpo fincado pela adaga lançou novamente Sten ao ar,
ele conseguiu equilibrar
seu corpo para cair de forma premeditada. Caiu rolando para trás a
flecha raspou
em sua cintura, encontrou o pé da figura e o chão firme. Sten
estava preparado para outra investida, quando o monstro tentou
movimentar-se e desequilibrou caindo
no rio. A água o esfarelou, como se ele fosse feito de areia. Nem a
pedra vermelha sobrou. O chiado da respiração do homem com a adaga,
era a única coisa que quebrava o silêncio. Ele olhou para a ladina,
encontrou os cabelos dourados desarrumados. As sobrancelhas quase se
encontrando franzidas, ele viu uma borda de um vermelho mais intenso
nos lábios dela. Loreah também havia sofrido danos internos com o
ataque.
—Ótimos tiros—ele não quis falar sobre a imprudência
dela atirar com ele se movendo na frente do alvo.
—Eu
não mirei nele—ela riu um pouco.
—Venha aqui Sten—Liof
falou com um tom simples e firme.
O rapaz andou até seu mestre. O
velho arrancou a adaga da mão do rapaz.
—Entendo
o instinto, ele
ira te salvar incontáveis vezes—ele
fez um arco com a mão na horizontal na direção do pescoço dele, o
rapaz pego de surpresa esquivou—Mas
se você não utilizá-lo com um pouco de raciocínio – dele
desferiu um chute com a sola do pé que agora tinha um envoltório
que foi encontrado na morada dos guardiões—
você
tera problemas – a mão do mestre encostou no tronco do selvagem e
o desequilibrou na direção do rio. Ele cairia se não fosse seu
mestre segurar seu antebraço no momento correto—Foi
isso que fez a figura a nossa frente a cair, isso foi o que você fez
atacar. Quando atacar, saiba porque você está atacando. Quando se
defender, saiba porque o oponente ataca. Cada movimento, é precioso
e único aproveite os movimentos. Antes mesmo de executá-los.
Sten
estava acostumado as lições praticas do seu mestre mas não as
palavras dele, ele precisaria de tempo para entender tudo aquilo.
—Ele
é excêntrico, não achas?—Disse
a Ladina para
a
mulher de cabelos castanhos.—Você
poderia me ensinar a lutar Loreah?- Marian pediu com
sinceridade.
—Claro—Respondeu desconcertada.Todos
se reuniram um pouco antes da cortina branca e espeça.
—Vamos
com Cautela, não ataquem. - ele olhou para Sten em forma de
repreensão.
Eles
avançaram alguns metros, unidos observado tudo. Novas figuras
surgiram, todas com olhos e rostos voltados para locais diferentes. A
caminhada era lenta, eles escutaram estralos e barulho de ossos
quebrando.
—Quando eles se encontram eles atacam – sussurrou o
Guardião.
—Então eles só enxergam quando são tocados –
concluiu
Marian—Se
existir muitos deles próximos pode haver uma catástrofe até que
eles caiam no rio. —A ladina falou.—Exato
—Liof encerrou a conversa.
A caminhada foi longa e a passos
curtos mas eles aceleraram para que não estivesse ali durante a
escuridão da noite, pois ela poderia gerar grandes problemas e
talvez sentenciar o fim da jornada. A névoa se desfez, uma figura
enorme ocupava aquela margem do rio. As estrelas surgiam, atrás
daquele ser com a altura de cinco homens medianos. Seus braços e
pernas eram cobertas de pedras, e nas paredes daquele local via-se os
buracos de onde foram retiradas. A partir da cintura do monstro era
tudo cristalizado até o pescoço e o rosto era a única coisa de
humano naquele ser, a pele flácida como se houvesse ficado na água
durante muito tempo. Ao
ver as figuras saindo
da parte esbranquiçada, bateu as mãos uma na outra.—Acho
que esse ai nos enxerga—comentou
Loreah.
Ergueu
seu braço imenso e deixou a gravidade agir fazendo sua mão ir de
encontro aos quatro, Sten foi rápido e ajudou Marian a sair do local
de impacto. Loreah e Liof voltaram para a névoa. Sten viu a outra
margem do rio livre.
—Atravesse o rio, Eu sei como vamos vencer
ele.
Um
daqueles que não enxergavam saiu da névoa
em direção ao golem e foi esmagado de pronto por outro ataque, a
pedra vermelha foi atraída
pelos braços do monstro e derretendo, fluiu
como sangue até a placa cristalizada no tronco.
- Ele
parece ser o que os outros um dia vão se tornar – Liof falou
saindo da névoa
onde se escondeu.
Uma pedra acertou o golem, Sten chamava a
atenção dele. Ele se virou lentamente em direção ao rapaz e
novamente ergueu o braço, uma flecha de Loreah atravessou o ar e foi
rebatida pela placa de cristal vermelho.
—Excremento!
Liof
soltou uma gargalhada com a forma da ladina xingar.
—É assim
que seu povo pragueja?
—Não é obvio?
Ele riria novamente
mas o golem já estava atacando eles, de
novo foi
fácil
de esquivar. A velocidade era pequena mas Liof sabia que seria
questão de tempo para haver um golpe que encurralaria pelo menos um
dos três. Marian já estava na outra margem do rio. Os
cabelos de Sten se movimentavam ao vento em sua investida. Fazia
tempo que ele não sentia o prazer da velocidade em seu rosto. Cravou
sua adaga na perna mais próxima, ela era mais resistente a lâmina
que a omoplata de cristais do monstro menor. Seus pés se apoiaram na
perna tal como ele fazia ao subir na árvore na clareira onde morou,
seu corpo conhecia o movimento. Pegou impulso, arrancou a adaga e
subiu mais um pouco, vendo
aquilo o ser de pedra e pele se movimentou tentando tirar ele dali.
Loreah preparou outra flecha. Sten tentava se manter equilibrado. Um
tinir chamou atenção do monstro, Liof retirara pela primeira vez
sua espada da bainha, desde que encontrou uma na nova casa dos
moradores da falligan caída.
Uma lasca de pedra saiu da perna, a atenção do agredido estava
dividida quando decidiu atacar Liof, a seta penetrou seu rosto róseo
e macilento abaixo do seu olho. A abertura cristalizou todo o objeto
e a pele. Ele não tinha mais a visão de um dos olhos. O rapaz já
alcançara a cintura do golem. O
guardião atacava com velocidade, causando o maior dano que
conseguiria treinando contra uma parede de pedra. A noite já
habitava o vale quando a ladina percebeu que não havia mais
flechas.
Sten viu uma fresta nas costas do golem aonde já era
pedra vermelha, encaixou sua mão no local. O movimento de ataque do
golem pegou Liof de surpresa, o ataque foi com a perna que estava
riscada e faltando algumas lascas. Derrubando o velho. Agora pisar no
Guardião seria fácil, levantou o pé. Uma adaga branca foi fincada
na parte do pescoço, O rapaz tirou a mão para não ser
cristalizada. Outra adaga acetou no olho que ainda possuía visão
que foi tomado de pedra vermelha. Sten deixou seu peso fazer o
trabalho na queda do ser petrificado. O golem despencou. O rapaz
estava na área
de queda e não conseguiria sair. O estrondo foi gigantesco. O tronco
do monstro agora servia de ponte entre as margens do rio seus braços
iam
se desfazendo nas águas, ele se contorcia mas não havia nada o que
fazer. A água ganhou um pouco da cor carmesim e Loreah logo correu o
olho a procura de Sten, Liof também. Marian se aproximou do monstro
transformando o receio por preocupação. O silêncio
tomou conta completamente do local. O barulho dos pulmões de Sten
buscando ar aliviou todos ali, ele saiu com sua adaga nas mãos e na
outra mão um corte grande. Ele escorou na beira onde Marian estava
próxima.
- Não queria deixar
o maldito com minha adaga. - falou ele mostrando a arma ainda com
pedaços vermelhos encrustados nela.
Ele
subiu na margem, viu a parte central do corpo do golem rachando com a
água que batia.
Liof e Loreah atravessaram para outra margem
evitando o golem que agora estava sem seus braços, que foram
esfarelados pelo rio. Chegando lá decidiram andar
mais um pouco para saírem
de perto da névoa e
evitar confrontos tão desgastantes. Acamparam, fizeram o fogo de
forma comum. A
noite agora se
passava
com Liof olhando para o caminho do vale invisível
aos olhos na escuridão da noite, Marian
cuidando do corte da mão de Sten, Loreah observando o
lugar onde
o golem havia caído.
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