sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Estradas de Valian - O labirinto plano e a estrada anciã

Eles estavam andando a quatro dias, nem os relevos nem a vegetação se modificava, uma vegetação rasteira e seca, de cores amareladas e verdes.—A vegetação me aborrece muitoa irritação saia em forma de palavras harmoniosas da ladina.—Agora vocês entende o porque chamam isso de labirinto-planoLiof comentou com sua boca seca.—Porque labirinto?—Loreah achou estranho.
—Existiu um grupo de cavaleiros do meu reino que saíram em direção a essas planícies e sumiram por dois encontros de reis. Quando voltaram suas armaduras estavam enferrujadas, as barbas e cabelos deles estavam compridos. Quando foram questionados sobre a viagem eles falaram que não se lembravam de nada. Chegaram a desistir até que um dia o relevo mostrava a descida da estrada anciã, que foi por onde eles tinham começado a jornada. Os cavalos não resistiram a volta.Conveniente as justificativas deles.O que você acha que foi então?
Um trajeto qualquer, menos eles terem ficado perdido em campo aberto por duas reuniões. Pensando, eu também não entendo as reuniões. Como se mede esse tempo?—São dois ciclos completos das estaçõesLiof falou como se fosse banal.
—Compreendido.—Se você não acredita em mim, acredite nos seus olhos ladina.
Eles olhavam para o posto abandonado. De onde haviam saído. Sentaram-se frustrados. Quatro dias que não levou em lugar nenhum. Loreah estava furiosa. Era irônica a situação. Ela que adora ludibriar, sendo enganada por um caminho que parecia simples. Ela observava a planície com vontade de ver ela sob as chamas, a visão não a acalmou afinal ali não tinha nada pra queimar.—Vamos descansar aqui um dia e talvez tomamos o caminho para a estrada que leva depois do castelo.  disse Liof.—Não, eu quero achar o caminho através dessa planície.
Eles estavam cansados para entrar em qualquer
discussão com a ladina. Eles ficaram o dia. Sten, Liof e Marian treinando.
Loreah olhava para o chão plano, de aparência amarelada, vegetação monótona, sol figurava acima daquilo tudo, queimando. Ela escutava somente sua respiração apesar dos gritos do treino de Liof e Sten e a respiração ritmada de Marian correndo, seu lado esquerdo tinha uma facilidade maior em ignorar. A lembrança tentou incomodar buscando a frase comum de sua mãe:"Que fazes Ló?"

Os olhos aguentaram sem se afogar. Ardiam um pouco. O vento soprava e alguma coisa nas terras da planície pareciam erradas. Algo dentro dela vibrava. Ela estava sentada no chão as penas cruzadas, um pouco dentro do início do caminho da
s planícies enquanto os outros estavam um pouco mais dentro da estrada anterior. Ela estava determinada, o sol estava a pino e era refletido muito mais. A conversa dos amigos incomodaram seu ouvido direito. Ela se virou irritada por não ter solução nenhuma na sua cabeça. Olhou a posição da estrada e comparou com onde estava sentada, duvidou e então teve certeza.
Descobri!
—O que? Sten perguntou empolgado pelos exercícios e aprendizados dos dias, ele havia começado a entender a utilização dos movimentos e da espada neles.
—Os planaltos se movem de maneira tão vagarosa que não percebemos. Eles nos direcionam para outros lados. Ela explicou se espantando com o próprio raciocínio.
—Como assim se movem?Liof questionou.
—Eles giram.
—Giram? Marian não entendeu.
—Igual à roda das brincadeiras. a ladina apontou—Mas se atravessamos ele em linha reta igual fazemos chegaremos do outro lado, isso não tem lógica porque as planícies são maiores que quatro dias de caminhada.ela quase desistiu da hipótese.
Você está entendendo o que ela está falando? Sten questionou Marian.—Um pouco.Marian começou a imaginar como aquilo seria resolvido, lembrou da roda que as meninas menores da aldeia faziam e a dúvida pulsou.
E se houvessem mais partes das planícies se movimentando para direções apostas?—É isso! Loreah falou animada—É issoela se deu conta que a conclusão não foi feita por ela.
Liof então ponderou a situação.
—Vamos continuar indo pelo outro caminho.Porque?algo ofendia Loreah.O problema foi meio resolvido. Ainda temos que descobrir como atravessar. Há problemas que mesmo se tendo os elementos que os compõe não se tem a solução. Contrariada ela aceitou.
A noite chegava, eles se reuniram em volta de uma fogueira e conversavam descontraídos. Escutaram então o chão tremer ao longe. Uma sombra negra entrava no castelo branco. Daquela distância era a sombra de um homem. A noite confundia a visão mas Liof teve certeza que era o gigante voltando pra sua morada.
A caminhada foi tranquila, o caminho era mais diversificado que planícies. Árvores eram vistas, Sten afastou alguns lobos. Emitindo o mesmo som que eles. Eles esconderam-se buscando enxergar o próximo posto de guarda. Avançavam em silêncio. Loreah buscou um terreno alto, olhava possibilidades. Ela era a única que tinha costume de se manter longe da visão dos cavaleiros escarlate.ParemEla sussurrou.
O rosto deles se voltaram rápido e atentos, buscando resposta. Ela apontou, dois cavaleiros escarlates que estavam patrulhando. Suas armaduras pareciam novas, algo neles eram mais humanos que os que ele já haviam visto antes. Sten subiu rapidamente em uma árvore, Observou a movimentação dos lobos que haviam acompanhado os quatro de longe. Algo os afugentava naqueles dois homens. Marian se escondeu na mata lateral junto com Liof. Loreah atacou. A ladina pegou os dois de surpresa, eles ainda não apresentavam os olhos enegrecidos. Os Reflexos deles eram lentos. A ponta da flecha na mão dela foi fincada precisamente,um grito e o sangue vermelho escorreu. Ela chutou as pernas dele e não esperou a queda com o movimento seguinte, pensado girou o corpo dando uma rasteira com o outro pé. Terminou o movimento retirando a espada curta e cravando entre a fresta da armadura na alta do peito. Tudo foi muito rápido. Incomodo pra cabeça dela. Isso nunca acontecia, ela sempre era precisa e fria. Uma farpa mental estava ali. Eles se reuniram em torno dos dois corpos. A preocupação de Loreah aumentou muito.
—Eles estavam a pouco tempo entre os escarlates.
—Como sabe disso? —Sten perguntou.A mesma engrenagem rodou e deu o resultado na mente de Liof e os dois soaram em
uníssono
—O sangue.—Loreah olhou intrigada para o velho, que começava a parece mais forte e sábio. Ele prosseguiu.
—O que consome esses homens vem de dentro e quanto mais tempo expostos, as pedras da armadura, criam uma casca a mais para eles e desertificam seus sentimentos. Esses eram lentos e ainda sentiam a dor.
Sten lembrou do cavaleiro com o elmo e seu sangue negro evaporando.
Pode ser perigoso para nós. A vantagem que eles tem quando o sangue está negro é a velocidade de resposta e força. Porem eles enxergam todas as outras pessoas da mesma forma. Assim era fácil passar despercebido até em uma troca de cristais.Podemos utilizar as armaduras delesLiof já havia pensado em algo.Vou me vestir de um deles e verificar A ladina aceitava a ideia.Eu vou junto como um cavalo que não se deixa ultrapassar Sten queria estar a frente das coisas.
Vamos encontrar um lugar para montarmos acampamento.Marian disse.

Eles trabalhavam em conjunto, cada aceitando sua posição. Sten despiu os cavaleiros e deixou o corpo deles para os lobos. Os animais gostaram da refeição, instintivamente tinham um líder que era capaz de prover todo o grupo.
Loreah observava a estrada buscando alguma alternativa de fuga caso a observação desse errado. Ela não aguentava não saber cada detalhe de um plano e agora tudo estava mais difícil, tudo teria que ser pensado para os quatro. Algo a fazia acreditar no ideal do guardião. Liof e Marian preparavam o local onde iriam ficar a buscavam suprimentos, os grãos já tinham acabado a muito.

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