Essas
folhas
verdes são engraçadinhas, ficam cocando meus arranhões, o céu
ta bem azul, o que é isso na ponta do meu dedo? Cuidar da escuridão
cuidar... Quem gritou? Onde? Vamos, nem lembrava
que sabia passar tão fácil
pelas árvores,
como sei disso? Olha uma borboleta, o grito! O grito!! Uma mulher
morta, um homem sangrando, daqui a pouco a floresta faz eles viverem
dentro dela, o cara com a espada vai matar o menino, isso não
é justo, não é justo! Vamos la vamos la! Pular da árvore
nele seria legal
—senhor
tenha vergonha, sem honra alguma?
—não
se meta nesse assunto. Você
não
reconhece minha armadura e o símbolo
nela
—símbolo
legal, não
iria me meter mas não é justo, não é justo, não é justo —
repetia constantemente balançando a cabeça
—
você
já
me irritou
O
homem de armadura escura atacou, o magrelo de olheiras se esquivou
muito rápido,
mais rápido
que sua idade poderia aparentar. Utilizando-se do peso da armadura, o
senhor dos cabelos acinzentados torceu o braço do cavaleiro, o
estalo ecoou seguido do grito de dor, a fúria
tomou conta do ferido, o menino de uns cinco anos olhava toda aquela
ação em silêncio.
Desvencilhou-se
o cavaleiro.
A raiva cegou o pensamento e os próximos
ataques vieram como uma besta atrapalhada que é grande demais para
passar sem esmagar as pessoas, ouviu-se
mais
uma sequência
de estralos, pulsos,
cotovelos,
dedos, joelhos, pés foram deslocados,
quebrados, torcidos com uma rapidez
e facilidade que levou o horror da morte aos olhos do cavaleiro. Aos
passos calmos, buscou
como se já soubesse onde procurar uma adaga, que ficava na cintura
daquele tipo de cavaleiro. Entregando ao garoto enfatizou como um
floreio no movimento
—agora
sim vocês
terão uma luta justa, utilize a espada com sabedoria e não
se esqueça, essa
floresta está
viva!
A
justiça foi feita! Utilize a espada com sabedoria…
que
engraçado
de se dizer, sempre quis dizer isso! Agora espero que o menino
sobreviva…
Um
grito interrompeu o pensamento, o
grito vinha debaixo das árvores, abafado e sumindo.
A
floresta se moveu, garoto esperto, ainda não sabe o que significa
sobreviver mas é justo o suficiente, gostaria de ter um filho
assim... Um castelo sendo esmagado por mãos gigantescas, uma mulher
gritando, um bebe chorando, meus olhos veem uma placa de metal, os
escombros gerados acertam pessoas aleatórias,
porque eu não
me mexo? Porque? Poque essa tristeza profunda? Essas
imagens
loucas…
Olha uma borboleta, o
que
aquele menino faz me seguindo?
—você
de novo? Vem vamos precisa de comer alguma coisa, e pare de chorar
O
menino engoliu o choro e seguiu se sentindo seguro
Primaveras
se completaram, Liof se apegou ao menino, via que desde muito novo a
sua disciplina era exemplar, o menino escutava cada uma de suas
instruções, mesmo
que as instruções fossem displicentes e loucas.
-precisamos
de comida, esta vendo aquele buraco perto da cachoeira pode ser um
local bom para procurar.
O
menino afirmou com a cabeça o entendimento de tudo aquilo, pegou um
pedaço de pedra pontiaguda e foi em direção
ao buraco, sentiu o ambiente em volta, pulou sem verificar a
profundidade do buraco que tinha o diâmetro
necessário
para ele apoiar os pés. Ele
sumiu na escuridão.
Um
silvo surgiu no ar. O menino foi arremessado com violência
de dentro do buraco, ele se segura nas narinas de uma serpente
d'água,
o olhar dele era de desespero fitando o seu mestre.
-Sobreviva
garoto! Sobreviva!
Ele
repetiu as palavras afinando a voz e
dançando desengonçadamente,
enquanto isso a serpente balançou para a esquerda tentando esmagar o
menino em uma pedra, rapidamente ele
saltou
de cima de sua cabeça e bateu as costa em uma superfície
menos pontiaguda que apenas arranhou a pele, em meio a dor entendeu
que aquele homem não
iria o ajudar como sempre, seu olhar se tornou determinado. Estava
acuado feito um rato, lembrou-se de sua pedra segurou-a na mão
apertou com alguma força, a cobra sentiu a mudança de atitude mas
atacou, rapidamente ele utilizou o paredão pedroso que havia nas
suas costas para pegar impulso o suficiente para se movimentar em
direção ao olho, acertando e fazendo o silvo de terror tornar-se de
dor, aproveitando o
debater do animal cravou a pedra no outro olhou, agora cego o animal
recuou para o buraco de onde havia saído.
Pegando a pedra em sanguentada ainda, aproximou-se do buraco e cravou
a pedra na barriga do reptil,
o incomodo fez ele aumentar a velocidade com que ia para dentro do
buraco, isso a pedra prendeu durante
um tempo
na parede do buraco para abrir uma ferida. O som atormentador da
serpente cessou, o menino pulou no buraco e no fundo um lago
subterrâneo
se mostrou, dentro dele uma serpente morta, arrancou
carne suficiente da serpente e ainda pegou a ponta da presa da cobra,
Saiu com dificuldade do buraco pois carregava uma grande quantidade
de peso ao chegar no topo o velho amigo o puxou para fora, parecia já
estar preparado para algo, o menino enxergou em traços
aquarelados
e logo os sentidos foram.
O
crepitar
do fogo acordou o garoto ele olhou buscando alguma explicação para
a noite e para a sua perca de razão.
—simplesmente
o sangue da cobra d'água
é venenoso, depois
de alguns minutos
perde-se
a visão, perde-se o tato e logo perde-se a vida.
O silêncio do garoto demostrou o entendimento da lição, assim como todas até ali aprendidas.
-Já sei, você vai se chamar: Sten! Como demorei pra encontrar seu nome!
Rindo muito de sua demora. O menino acabará de ganhar seu nome depois de passar onze invernos ao lado daquele velho que deixara de ser um louco vagando por uma floresta, para ser um louco que cuida de um menino como se fosse o melhor dos pais.
O silêncio do garoto demostrou o entendimento da lição, assim como todas até ali aprendidas.
-Já sei, você vai se chamar: Sten! Como demorei pra encontrar seu nome!
Rindo muito de sua demora. O menino acabará de ganhar seu nome depois de passar onze invernos ao lado daquele velho que deixara de ser um louco vagando por uma floresta, para ser um louco que cuida de um menino como se fosse o melhor dos pais.
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