quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O homem que mudava histórias - O líder imprudente

O campo do lado norte ao castelos dos gigantes, era de um verde mais escuro que em outros lugares, muitos desconfiavam que aquela vivacidade na vegetação era oriunda da floresta-sem-luz, suas arvores tinham copas enormes capazes de cobrir todo o caminho com a escuridão. Os moradores daquela região tinham um limite para penetrar na floresta, eles sempre deram atenção a uma arvore que destoava de todas as outras pois ela possuía as folhas de cor carmesim. Uan era o líder da aldeia de Filliagan, ser líder dependia exclusivamente de ser o mais habilidoso nas lutas, naquela manhã ele escolhera uma forma muito estranha de se afirmar poderoso.

O homem com cabelos negros corria velozmente atrás de Ruflo, um reclamador comum mas aquele não era o dia correto para reclamar da variedade de animais assados na taverna do líder, o pobre homem magro só sabia correr, entrou na floresta-sem-luz, passou pela árvore vermelha sem ver. Aqueles que acompanhavam incitando a briga, estacaram diante a árvore.

Fracos vocês tem medo de uma árvore?

Gritou o grandalhão. Partiu à procura de sua vítima, seguiu o barulho da corrida do frágil, que caía constantemente. Uan também caía porque o negrume era enorme, sua mente não raciocinava os perigos que poderia haver ali. Seguiram nessa perseguição por tanto tempo que acharam uma clareira no meio da floresta, ao aproximar-se da luz viram que havia no meio uma árvore, raízes grossas e folhagem irregular, agora o tropeço levou Ruflo ao chão. Uan foi implacável, avançou como o predador que abaterá a caça, um chute mal dado no tronco fez um grito sair abafado por entre os lábios:
Não foi por mal a reclamação, eu estava errado, sua taverna tem uma variedade ótima de carnes e bebidas
—Irei te levar a um lugar onde não poderá reclamar nem da vida.
Segurou o machado com toda a vontade e raiva que ele tinha, esticou o braço preparando o golpe. Uma sombra surgiu, tirou o equilíbrio do executor com um golpe exato no joelho, as mão afrouxaram e o machado caiu, fazendo viver o reclamão. Entre o grandalhão e sua vitima estava um jovem, cabelos desgrenhados, sujos e grandes, com a cabeça baixa, mas com os olhos fixos no homem que se levantava lentamente, a postura do desconhecido era a de um animal protegendo sua casa. O homem esboçou um sorriso, fazia tempo que não tinha um oponente, todos da aldeia o respeitavam e quando tinha seus acessos de raiva apanhavam quietos ou corriam como Ruflo, para saciar um pouco da sede de sangue que adquirira nas guerras, resolveu perseguir ele, ganhara então um desafio.
—Saia do meu caminho ou você morrerá junto com esse infeliz
Cuspiu Uan. O rapaz rilhou os dentes enrijeceu os músculos e buscou algo amarrado no pedaço de pano que cobria a cintura, tirou uma adaga totalmente branca, parecia feita do dente de algum animal, o brutamontes se moveu em direção ao seu oponente, ruflo buscou a proteção da árvore, a velocidade do garoto era impressionante, ele esquivou do golpe movendo-se para frente e abaixando-se em um movimento limpo, projetou seu corpo segurando o homem pela cintura, com o peso os dois foram ao chão, adentrando um pouco da escuridão ao redor da clareira, rapidamente o garoto arrancou o cordão do pescoço do homem e perfurou-o num mesmo movimento. As forças de Uan se esvaíram e o selvagem se afastou como se algo causasse medo e logo as raízes seguiram em direção ao sangue tragando o corpo sem vida. Virando-se com um certo alívio, olhou o homem que via aquela cena escondido, então lançou o cordão com força em cima do homem e com a mesma velocidade, iria executá-lo. Mas escutou uma voz estridente:
Deixe-o em paz Sten! O pobre homem tomou susto demais por um dia e você magrelo nunca mais traga problemas para floresta, aqui é um lugar amaldiçoado, suma!
O homem não pensou duas vezes, correu com o colar na mão para a direção de onde viera. Disciplinadamente Sten subiu na árvore enquanto escutava a risada insana de seu guardião.
Ruflo além de reclamar, sabia aproveitar as oportunidades. Voltou utilizando-se do colar para confirmar a história de que havia acabado com a vida de Uan, muitos duvidaram, mas ninguém o contestou e a partir daquele dia a aldeia tinha um novo líder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário